Willis Roberto Banks

O Missionário do Triplo Ministério: Palavra, Ensino e Saúde

O Preparo e o Chamado (1864 - 1942)

Foto do Pioneiro Willis Roberto Banks

Willis Roberto Banks nasceu em 16 de novembro de 1864 em Guaraqueçaba (PR). Recebeu educação formal em Curitiba e demonstrou desde cedo ser um homem engenhoso e criativo. Em sua juventude, trabalhou como agrimensor e inventou máquinas para beneficiamento de polvilho e de arroz, além de construir pilões movidos a água em Ponta Grossa. Em Castro (PR), tornou-se comerciante próspero e presbítero da igreja local. Sua chegada ao Vale do Ribeira se deu em 16 de janeiro de 1897, realizando o primeiro culto evangélico na região no dia seguinte, 17 de janeiro de 1897.

A Escolha Divina

Banks inicialmente foi para a região para cuidar de negócios, mas logo reconheceu que Deus o havia chamado para uma obra maior: a evangelização. O chamado irrefutável o escolheu para evangelizar o Vale do Ribeira, uma região descrita como "inculta e semi-selvagem". Diante da relutância, o Rev. Bickerstaph confirmou a missão: "Pressinto que Deus o chama para uma obra especial naquele lugar".

O Triplo Ministério em Ação: Palavra, Ensino e Saúde

Banks e sua esposa, Vicência da Cruz Machado, realizaram o Triplo Ministério (Palavra, Ensino e Saúde), demonstrando o poder do espírito construtivo do homem que tem em mira a dupla finalidade em que se alicerça a moral religiosa: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

As Realizações Pioneiras no Vale do Ribeira:

  • Igreja: Banks foi o pioneiro da evangelização, erigindo o primeiro templo evangélico na região, o Templo de Morrinho, em 1898 e fundando a primeira Igreja Presbiteriana em Juquiá .
  • Médico Leigo e Sanitarista: Mesmo sem ser médico, tornou-se o "médico" das pessoas, usando conhecimento empírico do livro "Chernoviz" e plantas do mato. Sua casa, a Fazenda Poço Grande, funcionava como hospital, enfermaria e pensão gratuitos.
  • Saúde Pública: Seu maior feito foi a erradicação do "amarelão" (verminose) na região, ao visitar todas as casas ribeirinhas de canoa e ministrar vermífugos e as "Pílulas Banks".
  • Sacrifício: Banks demonstrou abnegação extrema ao realizar o percurso de 200 km a pé, com a mala às costas, de Juquiá a Osasco para assistir a reuniões, e transportar nas costas os vidros coloridos (doados pela Sociedade de Senhoras da IP de São Paulo) para as janelas do Templo de Morrinho.

O Legado Preservado: A Urna do Cinquentenário

Em 1948, durante as comemorações do Cinquentenário do Templo de Morrinho, foi instalada uma urna de alumínio na pedra fundamental. Esta urna contém os nomes de todas as pessoas que estavam presentes naquele dia, desde recém-nascidos, e possui a instrução de ser aberta no Centenário de Morrinho, em 1998, para registrar os nomes dos vivos e dar continuidade à tradição.

Últimas Jornadas e o Descanso Final

Banks continuou sua faina missionária, fundando trabalhos em outras plagas como a Igreja Presbiteriana da Lapa, em São Paulo. Em seus anos finais, já na Capital, foi diagnosticado com câncer no estômago. Sentindo o fim, ele exigiu ser transportado em vida para o lugar que tanto amou.

Na madrugada de 21 de março de 1942, ele foi levado de automóvel para Juquiá, onde se despediu de seus netos e amigos. Sua história e sacrifício foram documentados e eternizados por sua única filha, Izaltina Banks Leite, autora do livro "O Velho Banks". Willis Roberto Banks expirou às 21 horas do domingo, 22 de março de 1942, aos 77 anos. Ele foi sepultado em Juquiá, no local que serviu como ponto de partida da evangelização do Litoral Sul Paulista.

Legado Imortal

O pioneiro deixou para trás a primeira igreja do Vale do Ribeira, hoje um monumento de fé e sacrifício, garantindo que seu trabalho continue a ecoar para as gerações futuras.